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domingo, 28 de dezembro de 2008

As palavras que nunca direi

Sinto necessidade de escrever.
Indago dentro de mim o porquê desta necessidade.
Procuro dizer algo a mim próprio a mais ninguém.Rebuscar dentro de mim e encontrar todo o sentido da minha vida numa conjugação de sentimentos e palavras.
Alimento a ilusão de que um dia brotará algo de mim que fará toda a diferença e mudará o curso de todas as coisas na minha vida.
Como se numa frase ou num texto pudesse conseguir criar um guru que me servisse de guia vida fora sem que a duvida voltasse a persistir.
A duvida.....essa puta macabra que me gela e impede de progredir.Será certo,será errado é isto que realmente preciso ........... mais uma ilusão ....?
Será isto que me faz falta?É isto que realmente desejo...???Será...?
Até agora as palavras servem apenas para dar corpo a sentimentos,pensamentos, estados de espirito e afins.....e pouco mais .
São como ondas que embatem contra a rocha da minha existencia e aí se voltam a fundir com o mar . Gota a gota sem expressão individual mas sim fazendo parte de um grande todo disforme.
Assim são todos os meus pensamentos.Assim é o meu sentir.
Nunca igual nunca permanente mas sempre indicando no mesmo sentido . Aquele que me leva de encontro ás rochas para logo me fundir em algo maior.....mais abrangente.
Tudo isto é certo ,tudo faz parte do meu caminho,experimentando as emoções e a ironia da vida conforme vou ficando perparado para receber.......sim porque tudo nos é dado a experimentar no momento certo...na altura exacta.
O mar abrangente que nos envolve dita que assim seja.........acredito piamente neste principio.
Acredito que existe uma lógica maior que me presenteia com tudo o que devo experimentar .
Gostava de ter a capacidade para absorver tudo.
Sei no entanto que aquele vazio que por vezes sinto é filho da minha falta de percepção,de não absorver a onda com todas as suas goticolas antes destas se fundirem no mar.
Essas pequenas gotas espalhadas pela imensidão do mar são os sentimentos que não experimento e com muita pena minha são as palavras que nunca direi.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Go down in flames.


Poetic empty sentence like the sort of shit we say every day.


I am so full of shit.


The world is so full of it.


Cant stand it anymore.


Feel like shouting my langs out .


So tired of my revolving emptiness.


Need something true


Something blue


something borrowd


something cool


some sort of creative


alternative all.


Need to wake up and smell the coffee


Need to wake up and feel alive again

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Parto em continuo

Quando o vento cruel sopra no rosto do homem,cortando com o seu gume rombo e dilacerante a parte viva da alma.
Quando os dias são penosos e o homem se arrasta em cada passo.
Quando a musa se desvanece.
Quando tudo são espinhos e é impossivel ver as pétalas.
Eis quando o homem morre em vida.
Eis quando a vida nada é.
Um atrofio,um agonizar despropositado,sem sentido.
A alma adormece e o que fica é um corredor estreito e escuro com paredes agrestes e frias por onde o corpo do homem a cada passo se retrai e se reprime.
Pede a Deus nestes dias para que o leve rapidamente dali sem mais dor,sem mais nada.Tudo lhe aparenta ser preferivel.
Não existe mais sentido nem caminho.
O breu é tal que todas as coisas em seu redor que lhe deram paz e alegria neste momento nada significam.São como gotas de chuva que caíram um dia pelo seu corpo refrescando-o e logo secaram.
Impermanentes como as ilusões.
Sabe o homem que não vai conseguir aguentar muito mais este calvário.
E eis que um dia ao saír de casa o vento rude e frio que o atormentara se transformoun numa brisa suave e terna.Ao inspirar tudo se refresca e acorda dentro dele.
A sua alma desperta com um leve bocejo.
Ao passar no jardim o homem só tem olhos para a amálgama de cores que lhe presenteiam o olhar e pensa como são bonitos os quadros que a natureza pinta.
O céu está azul clarinho e imediatamente pensa no mar e de todos os bons momentos que aí viveu.
Ai que saudades da voz do mar.
O homem está feliz por estar vivo e a simples expressão de uma criança ensonada a caminho da escola o faz sorrir.
Como são curiosas as intermitencias da vida.As diferenças de estado de alma.
De um dia para o outro o homem morre e volta a renascer.
De um dia para o outro tudo se transforma no homem.
Ou tudo permanece identico e o que muda é a forma como o homem sente a vida.
Um dia besta outro dia anjo.Definhando e depois crescendo.
Cada dia um reviver do parto.
Um crescer de algo novo.
E não existe parto sem dor.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

O eco do meu coração

Fogo desejo ardente de mudança
Ansiedade por não saber o que me espera
Incoerencia e falta de convicções fortes
Inconstancia como se nada em mim fosse permanente
Medo o mais horrivel dos inimigos
Repulsa por mim e pelo mundo
Erro que me enche de culpa
Carga que eu não quero mais carregar
Peso por não ser digno
Energia que eu deixo acabar
Razão abandona-me tantas vezes
Irresponsabilidade conceito impreciso
Paz luz da minha vida
Irreverencia pequena vaidade
Catástrofe vai-se abater sobre mim
Imoralidade conceito impreciso
Fé não me abandones
Imortalidade noutro conceito de vida
Caminho o que procuro desde sempre
Perda é vazio
Valerá a pena dar significado ás palavras se estas nos ajudarem a dar significado á vida.
O que elas querem dizer dentro de nós.
O que ressoa no eco dos nossos corações.
Perde-se a lógica e a razão e o verdadeiro significado é o eco nos nossos corações.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Carpe Diem

Hoje gostava de olhar para este dia e não desejar que já tivesse passado.Gostava de o disfrutar,saborear,envolver-me com ele como se envolvem dois amantes despreocupados com o mundo que corre lá fora.
Olhar-lhe nos olhos e dizer sem reservas amo-te.
Quero disfrutar-te até ao ultimo raio de Sol.
Aproveitar a frescura da tua manhã,da humidade das primeiras horas,sentir o teu aquecimento progressivo e viajar com o meu olhar aproveitando a boleia das nuvens que passam.
Perder a consciencia de onde estou e para onde me dirijo e simplesmente .........sentar-me no seu colo e deixar que me passei por onde lhe aprouver.
É assim que concebo o ideal dos meus dias.
Será isto um pensamento despropositado.
A aceitação da realidade confronta o desejo de um ideal.
A presunção de moldar a vida a nós transporta em si um peso de vaidade que contraria a simplicidade da aceitação.
Seres infinitamente pequenos que somos a julgar que o Sol gira em torno de nós.
É reconfortante mas não deixa de ser uma vaidosa presunção.
Admiro intensamente as pessoas que aceitam a sua vida nos bons e nos maus momentos com a mesma graciosidade.
São estes humildes seres em que me tento inspirar pela leveza que transmitem.
Nesta leveza guardam um dos segredos mais importantes da vida.
Em cada dia derramam pétalas de flor no rio da sua existencia .
E as margens deste rio como se alargam para que tudo flua mais livremente.
Como se tornou tão complexo abraçar a simplicidade?

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Os Mares do meu destino

Desespero por uma luz.
Uma luz ténue e bela que me guie para o porto da minha quietude.
Desejo a tranquilidade e não o reboliço de gentes que chegam e partem sem deixar saudade.
Abomino o vazio das multidões e o frenesim dos ratos de experieencias mil que correm e recorrem nos seus labirintos.
Dão-me repulsa as obrigações e convenções.Os tratados e acordos ,as penalizções e julgamentos.
Desejo que a noite que pausa a recorrente correria não cesse e que por milagre ou por destino permaneça embalado nos sonhos até que a mente purgue esta bilis amarga que me corroi a paz e a alegria.
Desejo acordar desta ilusão pesada e castigadora que perverte e tenta esculpir cada ser á imagem da sua deformação.Como um ser feio e cruel que por força elimina a beleza para que a sua fealdade passe desapercebida.
Quero voltar a ouvir a voz conselheira do mar . Inspirar e reter a sua infinita sabedoria.
Quero aconselhar-me com o vento e perceber as suas mudanças de humor.Sentir o sol a beijar-me o rosto sem me queimar.
No fundo rodear-me de tudo o que é verdadeiro e por isso eterno.
Persigo incessantemente a simplicidade por entre a névoa das mentiras do cenário que me rodeia.Todos os dias rasgo o guião que me tentam fazer seguir silaba a silaba e improviso revoltado duas ou tres palavras em cada frase para que me sinta vivo.
Nesta revolta sobrevive a esperança dos que acreditam sempre até ao fim.
Nesta esperança é gerado todos os dias o homem novo.
Volteando e retorcendo ,caminhando, perdendo e ganhando todos os dias algo permanece intocável.
Aquela chispa de fogo que não se apaga.
Chamem-lhe esperança ou loucura.Ela por pequena e refundida é sustento,é base ,é a ancora que me segura á vida.
Não se extingue nem é passageira e por isso a sei verdadeira.
Com este fogacho me uno ao meu próximo fazendo um grande circulo de fogo que na altura em que a névoa se desvaneça irá iluminar e aquecer quem tenha frio e sede e vontade de voltar a ver.
Se a grande mentira me vencer espero ser humilde e caminhar ao lado de todos os cegos e famintos até á fonte.
Saciar a minha sede e pedir perdão pela fraqueza de ter sucumbido á ilusão.
Que o véu se levante e todas as coisas postas a descoberto.
Que todos os segredos deixem de o ser e caminhando nu a harmonia de pertencer ao todo me embale nos seus braços e não mais se afaste.
Que a leveza me transporte no grande voo das aguias e o vento me acaricie o rosto num beijo terno e eterno.
Sei que um dia vou voar .
Sei que a liberdade me aguarda em cada pensamento,em cada palavra,em cada escolha em cada esquina.
Não fora a maldita névoa e já hoje voaria por entre os cumes do meu sentir e sobre os mares do meu destino.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

DO NOVO ÍDOLO


“Ainda em algumas partes há povos e rebanhos; mas entre nós, irmãos, entre nós há Estados.

Estados? Que é isso? Vamos! Abri os ouvidos, porque vos vou falar da morte dos povos.

Estado chama-se o mais frio dos monstros. Mente também friamente, e eis que mentira rasteira sai da sua boca: “Eu, o Estado, sou o Povo”.

É uma mentira! Os que criaram os povos e suspenderam sobre eles uma fé e um amor, esses eram criadores: serviam a vida.

Os que armam laços ao maior número e chamam a isso um Estado são destruidores; suspendem sobre si uma espada e mil apetites.

Onde há ainda povo não se compreende o Estado que é detestado como uma transgressão aos costumes e às leis.

Eu vos dou este sinal: cada povo fala uma língua do bem e do mal, que o vizinho não compreende. Inventou a sua língua para os seus costumes e as suas leis.

Mas o Estado mente em todas as línguas do bem e do mal, e em tudo quanto diz mente, tudo quanto tem roubou-o.

Tudo nele é falso; morde com dentes roubados. Até as suas entranhas são falsas.

Uma confusão das línguas do bem e do mal: é este o sinal do Estado. Na Verdade, o que este sinal indica é a vontade da morte; está chamando os pregadores da morte.

Vêm ao mundo homens demais, para os supérfluos inventou-se o Estado!

Vede como ele atrai os supérfluos! Como os engole, como os mastiga e remastiga!

“Na terra nada há maior do que eu; eu sou o dedo ordenador de Deus” — assim grita o monstro. E não são só os que têm orelhas compridas e vista curta que caem de joelhos!

Ai! também em vossas almas grandes murmuram as suas sombrias mentiras! Aí eles advinham os corações ricos que gostam de se prodigalizar!

Sim; adivinha-vos a vós também, vencedores do antigo Deus. Saistes rendido do combate, e agora a vossa fadiga ainda serve ao novo ídolo!

Ele queria rodear-se de heróis e homens respeitáveis. A este frio monstro agrada-lhe acalentar-se ao sol da pura consciência.

A vós outros quer ele dar tudo, se adorardes. Assim compra o brilho da vossa virtude e o altivo olhar dos vossos olhos.

Convosco quer atrair os supérfluos! Sim; inventou com isso uma artimanha infernal, um corcel de morte, ajaezado com adorno brilhante das honras divinas.

Inventou para o grande número uma morte que se preza de ser vida, uma servidão à medida do desejo de todos os pregadores da morte.

O Estado é onde todos bebem veneno, os bons e os maus; onde todos se perdem a si mesmos, os bons e os maus; onde o lento suicídio de todos se chama “a vida”.

Vede, pois, esses supérfluos! Roubam as obras dos inventores e os tesouros dos sábios; chamam a civilização ao seu latrocínio, e tudo para eles são doenças e contratempo.

Vede, pois, esses supérfluos. Estão sempre doentes; expelem a bilis, e a isso chamam periódicos. Devoram-se e nem sequer se podem dirigir.

Vede, pois, esses adquirem riquezas, e fazem-se mais pobres. Querem o poder, esses ineptos, e primeiro de tudo o palanquim do poder: muito dinheiro!

Vede trepar esses ágeis macacos! Trepam uns sobre os outros e arrastam-se para o lodo e para o abismo.

Todos querem abeirar-se do trono; é a sua loucura — como se a felicidade estivesse no trono! — Freqüentemente também o trono está no lodo.

Para mim todos eles são doidos e macacos trepadores e buliçosos. O seu ídolo, esse frio monstro, cheira mal; todos eles, esses idólatras, cheiram mal.

Meus irmãos, quereis por agora afogar-vos na exalação de suas bocas e de seus apetites? Antes disso, arrancai as janelas e saltai para o ar livre!

Evitai o mau cheiro! Afastai-vos da idolatria dos supérfluos.

Evitai o mau cheiro! Afastai-vos do fumo desses sacrifícios humanos!

Ainda agora o mundo é livre para as almas grandes. Para os que vivem solitários ou aos pares ainda há muitos sítios vagos onde se aspira a fragrância dos mares silenciosos.

Ainda têm franca uma vida livre as almas grandes. Na verdade, quem pouco possui tanto menos é possuído. Bendita seja a nobreza!

Além onde acaba o Estado começa o homem que não é supérfluo; começa o canto dos que são necessários, a melodia única e insubstituível.

Além, onde acaba o Estado... olhai, meus irmãos! Não vedes o arco-iris e a ponte do Super-homem?”

Assim falava Zaratustra.