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quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Parto em continuo

Quando o vento cruel sopra no rosto do homem,cortando com o seu gume rombo e dilacerante a parte viva da alma.
Quando os dias são penosos e o homem se arrasta em cada passo.
Quando a musa se desvanece.
Quando tudo são espinhos e é impossivel ver as pétalas.
Eis quando o homem morre em vida.
Eis quando a vida nada é.
Um atrofio,um agonizar despropositado,sem sentido.
A alma adormece e o que fica é um corredor estreito e escuro com paredes agrestes e frias por onde o corpo do homem a cada passo se retrai e se reprime.
Pede a Deus nestes dias para que o leve rapidamente dali sem mais dor,sem mais nada.Tudo lhe aparenta ser preferivel.
Não existe mais sentido nem caminho.
O breu é tal que todas as coisas em seu redor que lhe deram paz e alegria neste momento nada significam.São como gotas de chuva que caíram um dia pelo seu corpo refrescando-o e logo secaram.
Impermanentes como as ilusões.
Sabe o homem que não vai conseguir aguentar muito mais este calvário.
E eis que um dia ao saír de casa o vento rude e frio que o atormentara se transformoun numa brisa suave e terna.Ao inspirar tudo se refresca e acorda dentro dele.
A sua alma desperta com um leve bocejo.
Ao passar no jardim o homem só tem olhos para a amálgama de cores que lhe presenteiam o olhar e pensa como são bonitos os quadros que a natureza pinta.
O céu está azul clarinho e imediatamente pensa no mar e de todos os bons momentos que aí viveu.
Ai que saudades da voz do mar.
O homem está feliz por estar vivo e a simples expressão de uma criança ensonada a caminho da escola o faz sorrir.
Como são curiosas as intermitencias da vida.As diferenças de estado de alma.
De um dia para o outro o homem morre e volta a renascer.
De um dia para o outro tudo se transforma no homem.
Ou tudo permanece identico e o que muda é a forma como o homem sente a vida.
Um dia besta outro dia anjo.Definhando e depois crescendo.
Cada dia um reviver do parto.
Um crescer de algo novo.
E não existe parto sem dor.